terça-feira, 12 de janeiro de 2010
As Ciclovias Cariocas
AS CICLOVIAS DA CIDADE MARAVILHOSA
O município do Rio de Janeiro é, sem dúvida, o que possui a maior malha cicloviária dentre as cidades brasileiras. E não faltam investimentos públicos no projeto de novas ciclovias e na conservação das já implantadas, além de farta propaganda incentivando o uso da bicicleta no dia-a-dia. Até o prefeito atual, Eduardo Paes, tem ido uma vez por semana ao trabalho usando como meio de transporte a sua magrela, nunca esquecendo de divulgar tal fato. E foi criado recentemente, tentando seguir os passos de Paris, um sistema de aluguel de bicicletas automatizado para uso em pequenos trajetos, em múltiplas estações estrategicamente distribuídas. Porém, por fatores que envolvem educação da população, problemas sócio-econômicos, entre outros, tal serviço ainda engatinha e claudica por causa de furtos constantes dos equipamentos.
Empresas privadas também investem no uso da bicicleta, como por exemplo, a Sul América Seguros, que construiu inúmeros bicicletários por toda a cidade.
Enfim, morar ou vir à cidade do Rio de Janeiro dá a certeza da possibilidade imensa do uso da bicicleta para laser, esporte ou como meio de transporte. Podemos atravessar quase toda a orla marítima sobre a magrela, passando por uma volta na Lagoa Rodrigo de Freitas. Na Barra da Tijuca são duas ciclovias paralelas, uma à beira-mar e outra que vai por dentro, pela Av. das Américas. Em todas elas, há ramificações que adentram os bairros vizinhos, como Ipanema, Leblon, Jacarepaguá, Gávea, Botafogo, Flamengo, etc. Tudo isso sem contar na imensa beleza que nos brinda tal passeio pela orla. A que vai até o Recreio, então nem se fala, pois passa pela reserva biológica o que torna a pedalada um imenso prazer. E ainda temos as ciclofaixas. A mais charmosa é a que liga o bairro do Jardim Botânico à Floresta da Tijuca, passando pela Vista Chinesa e Mesa do Imperador, podendo-se chegar ao Cristo Redentor, numa ascensão de quase 800 metros e com uma vista estonteante no final. Essas subidas são muito usadas por ciclistas em busca de treinamento e laser, já que possuem tráfego de veículos muito reduzido e que quase todo o percurso é feito dentro da Mata Atlântica com cachoeiras e muito oxigênio.
Só teríamos coisas boas a falar, não fosse a falta de educação de parte da população que se nega a evoluir e a respeitar as ciclovias como um enorme patrimônio ao bem estar de todos. Na orla é muito comum ver pessoas caminhando lentamente por elas, enquanto a calçada ao lado fica vazia. A ciclovia que liga o bairro da Freguesia, Jacarepaguá, à Barra da Tijuca, atravessa uma área comercial repleta de oficinas e borracharias, quase não é percebida em alguns trechos, pois os carros ficam estacionados e produtos são expostos sobre ela.
Nas fotos vemos o mapa cicloviário da cidade do Rio de Janeiro, a beleza das ciclovias e o desrespeito às mesmas.
O saldo é muito positivo, com forte tendência de melhorar ainda mais.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
As Serras do Estado do Rio de Janeiro (I)
AS SERRAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ( I )
O Estado do Rio de Janeiro possui uma grande variedade de estradas que sobem as serras fluminenses proporcionando boas pedaladas não só para treinos visando melhorar o desempenho em subidas, como também para passeios mais exigentes que mantêm uma boa forma física. De brinde ganhamos paisagens belíssimas, água potável geladinha em muitos pontos e até algumas cachoeiras que podem nos refrescar no final.
No intuito de manter um banco de dados sobre essas subidas, comecei a traçar todos os perfis altimétricos que, junto com alguns detalhes do percurso, certamente auxiliarão futuros interessados. Para isso, vou me concentrar em itens como estado do piso, tráfego de veículos, existência (ou não) e qualidade dos acostamentos, segurança, necessidade e apoio, etc.
SUBIDA DA SERRA DE NOVA FRIBURGO
A estrada Rio-Friburgo na realidade são duas: a BR – 101 e, a partir de Itaboraí, a RJ – 116. Esta última atualmente está sob concessão da empresa Rota 116 o que já intui uma boa conservação. A estrada possui acostamento com regular qualidade, já que em boa parte do percurso o asfalto é lisinho, porém há vários trechos onde se encontra piso bastante irregular e até buracos que são causados por veículos rurais em suas várias saídas. Além disso, foram colocados olhos-de-gato de tamanho grande a cada 500 metros, aproximadamente, visando reprimir o uso do acostamento pelos veículos, o que nos obriga a manter constante atenção no piso. O tráfego não é muito intenso mas há linhas de ônibus e principalmente carretas que transportam cimento que, somado à falta de acostamento em algumas poucas pontes no trajeto, não nos permite ficar desligado em relação à nossa segurança.
Minha sugestão é iniciar a pedalada em Papucaia, distrito de Cachoeiras de Macacu. Nesta localidade há muitos pontos seguros para estacionar o carro e na volta, algumas lanchonetes e uma padaria favorecem um bom lanche. Serão então 22 km de pedal praticamente no plano até a sede do município. A travessia da cidade de Cachoeiras de Macacu é bem tranqüila, pois se trata de uma localidade bem pequena. Assim que termina a área urbana, passamos pela Lanchonete Riviera, que marca o inicio da subida da serra. Caso o interesse da pedalada seja apenas a subida é nessa lanchonete que devemos estacionar o carro, pois há uma ampla área de estacionamento e possibilidade de um bom lanche na volta.
Até o topo da serra serão 23 km de subida ininterrupta. Nos primeiros quilômetros, ainda passamos por algumas casas e sítios nas margens da rodovia, no bairro rural de Boca do Mato, mas após a praça do pedágio, temos a companhia apenas da Mata Atlântica, tornando a pedalada muito prazerosa. Durante todo o trajeto contamos com acostamento largo o que aumenta a segurança do ciclista. O piso porém, não é muito bom em muitos trechos, com muitas irregularidades, que não chega a atrapalhar na subida, devido à baixa velocidade, mas a descida é muito desconfortável e nos obriga a usar a pista de rolamento, que é boa. Por isso, temos que estar sempre atentos ao tráfego de veículos.
Há muitos pontos onde podemos nos abastecer de água potável geladinha da montanha em diversas bicas rústicas, mas durante toda a subida não há qualquer estabelecimento comercial. Como eu disse é só a floresta com sua generosa porção de oxigênio e os carros e caminhões que passam sem nos incomodar. Por isso, já que tal percurso é realizado entre uma ou duas horas, dependendo do ritmo de cada um, levar alguma alimentação (barras de cereais, sachês de carbohidatos) se torna necessário e não esquecer o kit de remendo para eventuais furos de pneu. Nos três quilômetros finais já não temos tanta sombra, em compensação temos um lindo visual.
Exceto nos meses de verão, um corta-vento é muito necessário na descida, pois o frio se faz presente, principalmente em áreas muito sombreadas e com vegetação mais densa.
Até hoje nunca houve um caso de roubo de bicicletas no local, que é muito freqüentado por ciclistas da região e até mesmo de cidades mais distantes como o Rio de Janeiro, por ser uma excelente opção para treinos.
Face ao exposto, não há necessidade de carro de apoio, devendo-se lembrar de que teremos 22 km sem qualquer recurso comercial, mas por se tratar de uma rodovia sob concessão, nunca estaremos sozinhos, já que carros da empresa que administra a estrada circulam o tempo todo.
O trecho Papucaia – topo da Serra de N. Friburgo já foi palco por duas edições do GP Rota 116 (www.escaladaserramar.com.br), competição de ciclismo patrocinada pela empresa concessionária da estada, Rota 116.
RODOVIA FRIBURGO – TERESÓPOLIS
Esta rodovia, a RJ – 122, pode ser considerada um “Nirvana” para o ciclismo: asfalto liso, acostamento largo, tráfego de veículos bem reduzido, ausência quase absoluta de carretas, clima ameno e um visual lindíssimo. Isso tudo num trajeto de 69 km, com muitas subidas e descidas curtas, mas que dão um “tempero” nos treinos e com vários pequenos distritos tanto de Nova Friburgo quanto de Teresópolis (Campo do Coelho, Vieira, Bonsucesso, Venda Nova), que nos dão inúmeras possibilidades de alimentação, hidratação e até apoio mecânico. Só não contamos com acostamento nos 16 km finais da estrada (chegando a Teresópolis), quando devemos ter mais atenção aos veículos, ou retornar para Friburgo.
Considero ser um ótima opção para um final de semana: reunir um grupo legal ou ir com a família, subir a serra no sábado, dormir num dos muitos bons hotéis de Nova Friburgo, aproveitando a boa gastronomia local para jantar e fazer a estrada Friburgo – Teresópolis no domingo. Aliás, a mulherada vai adorar, pois na entrada da cidade se localiza o pólo de moda íntima, onde as muitas confecções lá localizadas possuem suas lojas de fábricas, com farta variedade e preços convidativos.
ESTRADA SERRAMAR
Outra ligação da BR-101 com o município de Nova Friburgo é a estrada Serramar (RJ – 142), uma recém asfaltada rodovia, que começa no município de Casemiro de Abreu e sobe a Serra do Mar margeando boa parte do tempo a descida da montanha do rio Macaé, proporcionando um visual belíssimo.
A estrada alcança o distrito de Lumiar (Nova Friburgo) no km 35,7 e continua subindo por mais 16 km e é talvez a mais longa ascensão asfaltada ininterrupta do Brasil, num total de 52 km. (Que super treino de subida, hein!!). Aliás, ali também acontece uma competição de ciclismo anual muito legal, a Escalada Serramar (www.escaladaserramar.com.br).
O asfalto novinho e o tráfego de veículos muito reduzido proporcionam uma pedalada muito gostosa. Porém, não contamos com acostamento em nenhum momento, o que nos obriga a ficar bem atentos aos movimentos dos motoristas. E aqui também não contamos com estabelecimentos comerciais. Portanto, devemos levar algo para repor as energias gastas e água. Outra diferença da RJ – 116 é que, por não ter uma empresa que administra a estrada, o apoio para problemas mecânicos maiores é remoto e em de algum acidente, poderemos ficar numa “roubada”. Por isso, não considero uma boa opção pedalarmos sozinhos por essa estrada.
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Toda essa região serrana é repleta de hotéis e pousadas excelentes, além de muitos restaurantes das mais variadas tendências gastronômicas. Portanto é uma excelente opção para um treino de final de semana prolongado ou um bom programa com outros amigos ciclistas, subir as duas estradas e aproveitar um dia a RJ - 122. E não é só um programa para ciclistas, pois há muito que se fazer e muito que visitar no município. Portanto, pode ser um programa familiar.
Aliás, o município de Nova Friburgo tem uma vocação muito grande para o ciclismo de todas as modalidades, pois há muitos lugares para se pedalar. No Mountain Bike há uma enorme diversidade de estradas vicinais e trilhas, para os mais variados níveis de pedal. Por isso a cidade tende a se tornar até mesmo um pólo nacional, pois possui todos os ingredientes para atrair ciclistas que buscam treinamento ou lazer (hotéis, restaurantes e toda a infra-estrutura turística necessária). Além disso, competições de ciclismo de estrada e MTB de muito bom padrão e com ótima organização vêm acontecendo com freqüência, como a já tradicional Montanha Cup (www.montanhacup.com.br) o que deve elevar a quantidade de admiradores da cidade.
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SUBIDA DA SERRA DE TERESÓPOLIS
A estrada Rio – Teresópolis é muito utilizada para treinamentos de ciclistas e tri-atletas, principalmente aos sábados pela manhã, quando é possível ver enormes pelotões coloridos desfilando nos acostamentos. Normalmente o pessoal que vai do Rio de Janeiro faz o retorno exatamente antes do pedágio e estaciona num posto de gasolina bem pertinho, que fica lotado de atletas. Como começam a pedalar às 7 da manhã, chegar lá perto desse horário vai ter problemas para estacionar. Os ciclistas são muito bem-vindos no posto, pois os donos instalaram chuveiros para o banho após o treino, os banheiros são limpinhos e na lanchonete, sempre tem tudo que é necessário para repor as energias gastas.
Até o inicio da subida da Serra de Teresópolis são 30 km quase totalmente plano, com acostamentos largos, piso em boas condições e o tráfego de veículos embora intenso, não prejudica o treino. Portanto a ida e volta corresponde a 60 km. Porém, há retornos com viadutos a cada 10 km aproximadamente, permitindo que se escolha a distância ideal para o dia, sempre múltiplos de 10. Além disso, há ainda a possibilidade de se fazer treino conjugado com a distância mais conveniente de subida.
A subida propriamente dita começa em Guapimirim (veja a altimetria) e são 18 km de ascensão ininterrupta, sempre com acostamento largo e piso de ótima qualidade. Não há, entretanto, um bom sombreamento de árvores, tornando a pedalada desconfortável sob sol intenso e nos meses mais quentes do ano. Em compensação o visual é belíssimo, pois a partir da metade da subida, temos uma boa visão da baixada de Guapimirim, com a Baía de Guanabara ao fundo e as imponentes montanhas da Serra dos Órgãos à frente.
Durante o trajeto são muito raros os estabelecimentos comerciais, exceto no km 12, onde há um posto de gasolina com uma lanchonete. Porém, água potável da montanha pode ser conseguida em muitas bicas rústicas.
No topo da serra, lugar conhecido como Soberbo, a vista é magnífica, a foto com o Dedo de Deus ao fundo uma “obrigação” e vários quiosques vendem água de côco e caldo de cana.
A descida, no entanto, requer bem maior cuidado porque o acostamento é estreito (praticamente inexistente em alguns trechos e nas pontes) e o tráfego de veículos, inclusive carretas, é intenso. Um corta-vento é necessário na descida, exceto no verão. Mas nessa estação do ano, se a pedalada for programada para a tarde, prepare-se para um bom banho de chuva.
Esta rodovia está sob concessão da empresa CRT. Portanto, tal qual a subida da serra de Friburgo, viaturas de apoio estão sempre circulando. Além disso, há vários telefones para emergência durante todo percurso. Por isso, mesmo que estejamos subindo sozinhos, nunca nos sentiremos desamparados, razão pela qual não é necessário carro de apoio.
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Deixei propositadamente de citar a Serra de Petrópolis por dois motivos:
- a subida não tem acostamento e com a quantidade absurda de carretas, além da quantidade também muito grande de carros, torna a pedalada muito perigosa e, no meu ponto de vista, inviável; e
- a pista de descida, mais moderna, tem acostamento, mas pedalar no contra-fluxo alem de perigoso é desconfortável, sem contar que é contra a lei, já que a bicicleta tem que obedecer ao Código Nacional de Trânsito.
Deixei também de citar a subida da Estrada Velha de Petrópolis, que poderia ser realizada por bicicletas MTB, face ao piso muito irregular e com muitos trechos em paralelepípedos, porque passa por muitas comunidades carentes e não considero seguro para a nossa magrela.
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