Dá Pedal

Toda e qualquer pedalada tem um começo e um destino. Mas sempre tem um desafio. Pode ser uma montanha, uma serra, a chegada triunfante numa cachoeira. Ir de encontro ao mar. Portanto existem múltiplas razões para irmos a algum lugar, podendo até estar misturados alguns ingredientes, como por exemplo, turismo, prática esportiva, contemplação de paisagens, história, culto a alguma alusão religiosa, etc.
Mas sempre o prazer de pedalar. E com a sensação deliciosa de nos locomovermos num veículo que não degrada o meio ambiente, não polui e nos deixa com uma ótima qualidade de vida.
A marca, a idéia do nome e do próprio blog foi de um grande amigo, o publicitário Sergio Quadros. Como já sou quase sexagenário, meu apelido é "Velho" e o nome "Dá pedal" faz alusão à uma expressão muito usada insinuando que alguma coisa pode dar certo. A arte da marca, que achei sensacional, foi me dado de presente por ele, e tem como moldura uma coroa da bicicleta, mas deixando passar também a mensagem do coroa que está na foto, permitindo a todos se sentirem capazes de pedalar.
Ou seja, " Dá Pedal !!"

domingo, 23 de janeiro de 2011

Travessia dos Andes 2011






Em meados de 2009, eu e alguns amigos ciclistas, todos de Nova Friburgo, combinamos de fazer, de bicicleta, a travessia da Cordilheira dos Andes, pela Estrada Panamericana. Começamos a estudar o trajeto através de imagens obtidas pela internet, analisando pormenores como altitude, distância entre os vilarejos no caminho, possibilidade de apoio mecânico, comunicação, etc.
O grupo inicial era formado por mim, Orlando Mielli Jr e Marcos Tulio Marques (dentistas) e Pedro Benevides (educador físico) e, depois de um consenso quanto ao apoio, resolvemos convidar um outro amigo (Marcos André) para ser nosso “motorista”, pois planejávamos alugar uma pick-up, que comportasse as bicicletas e toda nossa bagagem.
Ainda nessa época, fizemos contatos com a Revista Pedal, que se interessou em posteriormente publicar o relato e fotos da travessia. E como estímulo, mandou confeccionar uma camisa de ciclismo especial para o evento.
Estava tudo acertado para o inicio de 2010, quando uma semana antes da viagem, ocorreu o terremoto no Chile, adiando nossa aventura. E quando as coisas naquele país começaram a voltar ao normal, o verão já não era mais a estação climática, o que praticamente impedia que se realizasse naquela época.
Marcamos então para inicio de janeiro de 2011. Porém, o Marcos Tulio, numa peladinha de final de semana com familiares, rompeu o tendão de aquiles no meio do ano e como ele realmente desejava conhecer de perto a travessia e não daria tempo de recuperação total até janeiro, que o permitisse voltar aos treinamentos para a dura jornada, sem contar que já tinha pago toda a viagem, resolveu ser, ele mesmo, ser o nosso “motorista”. Com isso o Marcos André foi “desconvidado” e entrou em seu lugar outro ciclista, uma mistura de mineiro de Uberrrrlândia e Nova Friburgo, Rodrigo Zamunaro.
Saímos do Rio de Janeiro no dia 8 de janeiro pernoitamos em Santigo do Chile. Já com a pick-up alugada, partimos para Mendoza com as bicicletas já montadas e nossas roupas. Como ficaríamos no mesmo hotel no final da viagem, antes do nosso retorno ao Rio de Janeiro, conseguimos deixar todas as malas-bikes, guardadas o que aliviou tremendamente o volume da bagagem. Chegamos em Mendoza no mesmo, após claro, no deliciarmos com a paisagem dos Andes, que iríamos percorrer pedalando nos dias seguintes.
1° DIA DE PEDAL
Na programação sairíamos pedalando de Mendoza. Porém, observamos que a Ruta 5, uma autoestrada que liga Mendoza ao sul da Argentina, tem um movimento bastante intenso e de veículos pesados. Além disso, não tem acostamento pavimentado em quase todo o percurso (é de brita) o que nos faria disputar com os veículos a rodovia, deixando a pedalada perigosa e sem qualquer prazer. Por isso, começamos em Lujan del Cuyo (altitude 951 m), quase no início da Ruta 7, a Rodovia Panamericana, que atravessa os Andes em direção ao Chile.
Cabe lembrar que esta rodovia não tem acostamento e possui um movimento de carretas grandes de escoam a produção do sul do Brasil e da Argentina, rumo ao Chile e ao porto de Valparaíso, no Oceano Pacífico, além de muitos carros e motos. No entanto, durante todo o trajeto, os veículos sempre ao ver ciclistas, via de regra vão lá na contramão, como se estivéssemos ocupando uma faixa normal de rolamento, fazendo com que não contabilizamos um susto sequer. E tivemos muitos e longos períodos sem qualquer circulação de veículos, fazendo com que o som da nossa corrente e dos nosso pneus rolando no asfalto, fossem os únicos a se juntar ao vento e ao nosso movimento respiratório.
Nossa primeira parada era na localidade de Villa Potrerillos, um pequeno vilarejo a 1400 metros de altura, às margens de um lago azul turqueza, reprezado artificialmente por uma barragem o Rio Mendoza, que aliás, seria nosso companheiro durante quase toda a travessia. O hotel que tínhamos reservado era o Pueblo Del Rio, 10 km adiante, às margens do Rio Mendoza, formado por um conjunto delicioso de charmosos chalés.
A pedalada no início era quase plana, passando por inúmeras vinícolas às margens da rodovia e sempre com a Cordilheira dos Andes na nossa frente, a qual íamos conquistando lentamente, pedalada a pedalada. E a medida que íamos subindo a paisagem ia se modificando, acabando as parreiras que dava lugar à certa aridez das montanhas. No entanto, o visual era cada vez mais cativante e a todo momento, parávamos para fotos, pois a paisagem dos Andes é algo muito impressionante e nos transforma e grãos pequeninos.
Desde a fase de preparação, nosso plano era fazer a pedalada mais contemplativa possível, dosando mais o ritmo e curtindo mais o visual. E mesmo que quiséssemos apertar o ritmo, a paisagem não nos deixaria. Portanto, as paradas para fotos eram frequentes, que se somaram às centenas de fotos tiradas pelo nosso “motorista” Marcos Tulio, incansável em todo o percurso.
Mais uma vez eu era o mais velho da turma ,57 anos contra os 47 do Orlando, 35 do Rodrigo e 23 do Pedro (sem contar no ciclista-motorista Marcos com 43). Tal fato não me permitiria acompanhá-los se apertassem o ritmo, mas pedalamos algum tempo juntos, quando os dois mais jovens “escapavam”. O Orlando sempre foi meu “gregário”, pois ficamos juntos o tempo todo e sempre que dava, eu pagava um pouco de carona no seu vácuo. Mas posso afirmar que não sentimos os quase 700 metros de desnível desde Luyan del Cuyo até Potrerillos.
Resumo do primeiro dia: total pedalado – 56,46 km
total de subidas (acumulada) – 1092 m
total de descidas (acumulada) – 575 m
total pedalando – 2h 54 min – média 19 km/h.
Altitude local – 1454 m
Cabe lembrar, como se vê no resumo, que temos durante todo o percurso, mesmo na parte mais alta da montanha, algumas descidas, que nos proporcionam um descanso às pernas.

2° DIA DE PEDAL

Saímos do Hotel Pueblo Del Rio e continuamos nossa programação, cujo destino do segundo dia era a cidade de Uspallata. O percurso é muito mais bonito do que no dia anterior, a temperatura ia ficando cada vez mais amena, embora a ausência total de nuvens, nos deixava à mercê do sol e radiação UV, que aliás foi constante durante toda a viagem. Se por um lado a paisagem ficava mais bonita devido ao céu extremamente azul em contraste com as montanhas, algumas ainda encobertas pela neve, por outro lado os cuidados com a pele não poderiam ser negligenciados. Dessa forma, generosas camadas de filtro solar eram aplicadas.
A pedalada desse dia foi muito prazerosa e mais uma vez não sentimos que estávamos cada vez mais altos. A cidade de Uspallata tem uma infraestrutura própria, como qualquer cidade turística, embora seja pequena. Muitos hotéis, mercados, lojas, postos de gasolina, restaurantes, etc. Muito voltada ao turismo, pois se durante o inverno é um centro de esportes na neve, no restante do ano, se dedica ao rafting, montanhismo, andinismo, mountain-bike, etc. Apesar dessa estrutura, não conseguimos reserva em nenhum bom hotel, razão pela qual voltamos para nosso aconchegante chalé Pueblo del Rio, sempre conduzidos pelo nosso amigo Marcos. O Rodrigo resolveu voltar pedalando, mas chegou lá meio cansadinho, pois pegou vento contra.
Resumo do segundo dia: total pedalado – 52,3 km
total de subidas – 681 m
total de descidas – 259 m
total pedalando – 1 h 58min – média 20,8 km/h
Altitude local – 1890 m.

3° DIA DE PEDAL

Sem dúvida o melhor dia de pedal da viagem. Embora o percurso programado era maior, com destino em Los Penitentes, o visual da montanhas cada vez mais altas e o enorme vale por onde passa a estrada e por onde corre o Rio Mendoza, deixava a paisagem tão impressionante, nos transformando em diminutos seres serpenteando pela estrada, deixando à mostra toda a nossa pequenez existência, o que nos proporcionava um imenso prazer sobre a bicicleta e não nos deixando perceber as enormes subidas.
Nesse dia, passamos por muitos túneis, sempre na ponta de uma escarpa que nos deixava tontos para olhar para cima. Esses túneis, e são muitos durante o trajeto, são curtos, mas representam, ao meu ver, o maior perigo à travessia de bicicleta de toda a estrada, já que não tem qualquer área de escape. Por isso, antes de atravessá-los sempre olhávamos nas duas direções para ver se não teríamos companhia das enormes carretas. Durante toda a estrada, se precisássemos, teríamos um acostamento de brita como área de fuga, o que não acontece nos túneis. Além disso, devido à extrema e exótica beleza que proporcionam, na base de montanhas altíssimas, podem tirar um pouco a concentração. Por isso, sempre gritávamos uns para os outros, no intuito de verificar a presença das carretas.
No trajeto de Uspallata até Los Penitentes temos apenas e tão somente a presença das montanhas. Não tem casas, água, comunicação ou qualquer apoio, exceto no km 55,6 em Puente de Vacas. Portanto, o ciclista sem apoio de um veiculo deve ter em mente que vai pedalar no meio do “nada” durante quase 56 km.
Em Puente de Vacas, paramos numa birosquinha na beira da estrada e bebemos água e refrigerantes. Muito caros, mas devido à nossa carência por carbohidratos, tornaram-se baratos.
Durante todo o percurso tivemos vento traseiro nos empurrando montanha acima. E como num passe de mágica, a partir do bar, o vento se tornou contra. E cada vez mais forte. E cada vez tornando a pedalada menos prazerosa. E chegamos a Los Penitentes já cansados de subir montanha com vento contra, que tinha rajadas que quase derrubou dois de nós.
O Marcos nos esperava em Los Penitentes, onde eu eu Rodrigo colocamos a bicicleta sobre a Pick-up. Mas como tínhamos decidido abortar a subida final dos Andes, de Los Penitentes à Las Cuevas, que fica quase na fronteira com o Chile, pois o trajeto muito curto (cerca de 23 km), em troca de uma visita ao Parque do Aconcágua, o Orlando e o Pedro, decidiram pedalar mais 8 km mesmo com o ventão contra e encerrar o dia em Puente del Inca.
Dormimos em Los Penitentes. É bom lembrar que o Hotel Ayelen (creio que único no local), embora lotado de montanhistas não pode ser encarado como confortável. É apenas uma hospedaria que abriga mochileiros em busca das montanhas dos Andes (no inverno fica lotado de esquiadores já que lá funciona uma estação de esqui).
Resumo do terceiro dia: total pedalado – 63,3 km
total de subidas – 1386 m
total de descidas – 671 m
total pedalando – 4 h 32 min – média de 15,6 km/h
Altitude Local – 2601 m


No dia seguinte não pedalamos, mas fizemos uma grande caminhada pelo Parque Provincial do Aconcágua. Qualquer que seja a construção das frases sobre esse passeio, jamais representariam a beleza do local. É realmente deslumbrante.
Depois do passeio, entramos no carro e fizemos os trâmites burocráticos, chatos, demoradíssimos e incompreensíveis devido ao Mercosul, que ao que tudo indica, união só no papel. A seguir nos dirigimos ao Hotel Portillo, uma elegante estação de esqui chilena, situado bem pertinho da fronteira, a 2870 m de altitude.
Durante o verão o hotel fica fechado, só funcionando o restaurante e só abrindo hospedagem nos chalés, ficando todo o grande prédio principal em reforma para abrigar os esquiadores no inverno, sempre contando, inclusive, com equipes de esqui do hemisfério norte, que vão à Portillo manter o treinamento durante os meses de verão em seus países. O chalé, voltado para um lago, dá vontade de nunca mais sair de lá!!!

4° DIA DE PEDAL

Saimos de Portillo, sabendo que teríamos pela frente uma descida constante de ingrime. Logo nos primeiros quilômetros, encontramos os “caracoles”, uma sucessão de 29 curvas de 180°, fazendo a altitude despencar e todas a inúmeras vezes que parávamos para tirar fotos, pois a beleza é imensa, sempre pensávamos em nos livrar das roupas que vestimos para iniciar a pedalada no frio de Portillo. Assim, casados, corta-ventos, manguitos, toucas, etc, foram enchendo os bolsos traseiros da nossas camisas.
Depois de algum tempo, a partir do momento que as montanhas vão se acabando e a temperatura subindo, a pedalada perde um pouco (se não muito) o prazer. Mas nossa programação era pedalar até o Pacífico, na cidade de Vina del Mar, mas quando os Andes ficaram para trás, ainda tínhamos 170 km pela frente, embora ainda desceríamos dos nossos 800 metros de altitude rumo ao nível do mar. Então, vamos seguir a programação!!!
Porém, as estradas chilenas (ruta 60 – que liga os Andes a Vina del Mar) são boas......PARA CARROS!!!. Não têm acostamento pavimentado e têm um fluxo de veículos grande. Isso aliás, foi um erro que cometi no planejamento, pois pelas imagens que eu obtive pela internet, tais estradas pareciam muito mais amistosas do que na realidade.
Mas fomos em frente, porque o programado era chegar no mar. Mas o calor intenso e os constantes sustos que tomávamos devido ao tráfego de veículos mudaram minha decisão e lá pelo km 100 da pedalada, me rendi e subi no carro. O Orlando me acompanhou. O Rodrigo e o Pedro resolveram continuar, apesar do vento forte, contra.
Mais adiante o Pedro resolveu também subir no carro. Como o Rodrigo continuou, eu e o Orlando decidimos acompanhá-lo e chegamos ao Oceano Pacífico, na cidade de Concon.
Todos pedalamos nesse dia cerca de 140 km, exceto o Rodrigo, que fez todo o trajeto e percorreu os 190 km.
Numa próxima oportunidade, me hospedo em Portillo, desço os caracoles, pedalo até Los Andes e subo no carro!!! Em compensação, faço a pedalada de Los Penitentes até Las Cuevas, mas sempre lembrando que o vento por lá costuma ser contra e forte.

Descansamos um dia em Vina del Mar e no dia seguinte, com as bicicletas sobre a pick-up, nos dirigimos para o nosso último dia de pedal, a subida do Valle Nevado.

5° DIA DE PEDAL

Começamos em Las Condes, distrito vizinho a Santiago. A subida é longa e numa estrada de pouco movimento, sendo que a partir do quilômetro 12, aproximadamente, tomamos a estrada que nos leva apenas para Farellones e Valle Nevado, com movimento de carros muitíssimo reduzido. Como dito, a subida é longa, dura, mas a paisagem, subindo novamente os Andes, nos faz esquecer um pouco o cansaço. No entanto, quando começamos as curvas em 180° e são muitas, a inclinação não é grande. Dessa forma, a subida lançante torna a pedalada prazerosa. Só não devemos olhar muito para cima, pois se identificarmos as casas de Farellones, minúsculos pontos na montanha, vai ser fácil nos sentir impotentes para vencer tamanho desnível. E dessa vez, quase não temos descidas para descansar.
No entanto, após um longo tempo de pedal, chegamos ao Valle Nevado, tendo o prazer da chegada suplantado em muito o cansaço.
Um fato importante é que durante todo o trajeto, não há uma gota de água para nos reabastecer e não há uma birosquinha sequer para comprar alguma coisa. Portanto, quem quiser se aventurar, tem que ter em mente que deve levar alimentos, carboidratos e levar muita, mas muita água, já que o clima seco nos faz beber muito mais água do que o habitual.
Resumo do quinto dia: total pedalado – 44,6 km
total de subidas – 2390 m
total de descidas – 246 m
total pedalando – 4h 43 min. - média de 9,5 km/h
Obs.: o Rodrigo e o Pedro fizeram em 3 h e 50 min de pedal.
Atitude no início da pedalada – 880 m
Altitude do Valle Nevado - 3025 m

RESUMINDO:
Uma aventura singular e que já me dá vontade de repeti-la. Devemos lembrar entretanto, de algumas coisas:
protetor solar (para pelo e lábios) muito importante;
na parte alta da montanha temos frio, mesmo no verão. Assim temos que levar roupas de manga comprida, manguitos, pernitos, corta-ventos, etc.;
no alto dos Andes, geralmente o vento é contra e forte (para quem se dirige ao Chile);
quem quiser alugar carro no Chile e atravessar a fronteira da Argentina, não esquecer de solicitar autorização para isso (sem ela nada feito!). E as locadoras cobrar 120 dólares por isso!!!;
na subida do Valle Nevado sem corro de apoio, sugiro um kamelback dos grandes e mais duas caramanholas de água, sem contar em comida;
leve a menor quantidade de roupas possível, pois não teremos tempo para usá-las. E lembrar que o limite de bagagem Brasil – Chile é de somente 23 kg. Portanto, uma malabike quase atinge isso. E a Lanchile é rigorosa em cobrar excesso. Dessa forma, o segredo é ter uma mala de mão grande o suficiente para caber nossa roupa e que atenda ao tamanho máximo para bagagem de mão.

2 comentários:

  1. Elmo e demais!! Parabens pelo belo programa que vocês fizeram.
    Esperamos ver mais viagens de vocês ou até mesmo participar de uma!!!

    grande abraço!!

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  2. ELMO PARABENS PELO TEXTO!!!! A VIAGEM FOI DEMAIS NA PRÓXIMA VC DIRIGE(AFINAL JÁ ESTÁ VELHO)E EU PEDALO.RSRSRSRS
    ABRAÇOS

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