Dá Pedal

Toda e qualquer pedalada tem um começo e um destino. Mas sempre tem um desafio. Pode ser uma montanha, uma serra, a chegada triunfante numa cachoeira. Ir de encontro ao mar. Portanto existem múltiplas razões para irmos a algum lugar, podendo até estar misturados alguns ingredientes, como por exemplo, turismo, prática esportiva, contemplação de paisagens, história, culto a alguma alusão religiosa, etc.
Mas sempre o prazer de pedalar. E com a sensação deliciosa de nos locomovermos num veículo que não degrada o meio ambiente, não polui e nos deixa com uma ótima qualidade de vida.
A marca, a idéia do nome e do próprio blog foi de um grande amigo, o publicitário Sergio Quadros. Como já sou quase sexagenário, meu apelido é "Velho" e o nome "Dá pedal" faz alusão à uma expressão muito usada insinuando que alguma coisa pode dar certo. A arte da marca, que achei sensacional, foi me dado de presente por ele, e tem como moldura uma coroa da bicicleta, mas deixando passar também a mensagem do coroa que está na foto, permitindo a todos se sentirem capazes de pedalar.
Ou seja, " Dá Pedal !!"

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Caminho de Santiago






Caminho de Santiago (Caminho Francês)

A internet está recheada de relatos e dicas sobre o Caminho de Santiago, tanto para caminhantes quanto para quem pretende ir de bicicleta. Portanto, não há muito mais o que dizer sobre ele e por isso vou me ater a detalhes que julgo importantes para que se consiga pedalar pelo Caminho sem problemas, já que o fiz, em companhia do meu filho Marcelo, em julho de 2007.
O Caminho de Santiago, além da natureza religiosa ou mística, é lindo, super sinalizado, passa por cidades medievais super bem preservadas e mesmo naquelas que cresceram, guardam a parte antiga com muito carinho e é exatamente por onde são cortadas pelo Caminho.
Ganhamos então um banho de história e de respeito ao ciclista. Portanto, considero que deve ser sempre colocado nos planos de quem gosta de pedalar. Logicamente a travessia de lugares tão antigos, com tanta história, onde ouvimos inúmeros relatos de superação e fé, evidentemente promove uma introspecção mesmo nos mais incrédulos. Mas também erra quem pensa que se trata de uma peregrinação pura e simples, pois até na missa do peregrino (todos os dias ao meio-dia), que lota desde cedo a Catedral de Santiago de Compostela, vemos as máquinas fotográficas a todo vapor, principalmente no ritual em que o “Fumeiro” é movimentado na nave central e voa sobre as cabeças dos fiéis soltando a fumaça típica com um cheiro muito gostoso.
Erra também quem pensa que vai realizar apenas um passeio de bicicleta ou que busca tão somente a prática esportiva, pois não há como se encantar e se inebriar com tanta história.
A primeira coisa a fazer após a decisão de realizar o Caminho é visitar o site da Associação Brasileira dos Amigos do Caminho de Santiago – AACS Brasil (www.caminhodesantiago.org.br) . Lá se encontra tudo. Mas tudo mesmo! E ainda tem a oportunidade de conhecer um monte de gente interessante, que já fez o Caminho (alguns muitas vezes) e nos fornece dicas importantíssimas. Lá também obtemos informações como conseguir a “Credencial do Peregrino”, que é nosso passaporte para todos os abrigos.
Se ainda ficar alguma dúvida, seguem algumas dicas:
- pense bem na companhia que vai ter ao lado. Depois de alguns dias o cansaço, a falta de conforto e a distância podem tornar qualquer relacionamento difícil, onde pequenos conflitos podem se tornar grandes problemas. Se não for uma pessoa de muita intimidade, melhor ir sozinho. Aliás, só nunca estaremos, pois encontramos com muita, mas muita gente no Caminho, das mais variadas nacionalidades. Dessa forma, estar acompanhado não deixa de nos privar de conhecer outras pessoas (grupos grandes então nem pensar, pois os conflitos aparecem muito rapidamente).
- no inverno no Brasil (verão na Espanha) a diferença de fuso horário pode chegar a 5 horas. Portanto, sugiro pelo menos 2 dias para aclimatação, já que a movimentação no abrigo começa bem cedo (mais ou menos 5 da manhã - isso quer dizer acordar a meia-noite no nosso relógio biológico).
- Existem muitos abrigos durante todo o trajeto. E a maioria só aceita ciclistas depois das 3 da tarde, já que temos maior mobilidade. Se algum estiver completo, consultar o mapa e procurar o próximo. Mas sugiro não decidir procurar abrigo quando o cansaço já estiver extremo, pois pedalar mais 5 ou 10 km nessas condições pode ser um martírio.
- quanto à bicicleta, sugiro que seja a nossa mesmo, pois é ela que está adaptada a nós e, por conseguinte, a ela estamos adaptados. O aluguel de bicicletas não considero uma boa idéia, pois as que vi, não tinham aspecto de suportar distância tão grande e pedalar dias seguidos num equipamento ao qual não estamos adaptados pode se transformar em algo muito ruim. Levamos nossa “amiga” numa mala bike (não rígida) e na cidade que escolhemos para iniciar o Caminho, podemos comprar papel pardo e fita adesiva, fazemos um pacote e despachamos o embrulho contendo a mala pelo correio para nós mesmos em Santiago de Compostela. Algumas companhias aéreas cobram 100 dólares para levar a magrela. Ah, mochila, nem pensar!!! Temos que ter alforjes.
- Na preparação para a viagem, quando achar que está levando pouca coisa nos alforjes, retire a metade. Usamos muito pouca coisa durante o Caminho!! – pouquíssimas roupas, a menor quantidade possível de itens de higiene pessoal, a toalha pode ser uma fralda de pano (que pode ir secando no caminho enquanto pedalamos), um pouco de sabão em pó para lavar as roupas (sempre tem lugar para lavá-las nos abrigos), bastante bloqueador solar, a menor máquina fotográfica possível, uma generosa quantidade de itens para reparos de emergência para a bicicleta e para os pneus e sempre deixar um espaço para levar alimentos não perecíveis para comer nas pausas para descanso. E água, é claro.
- Mesmo no verão, quando são observadas temperaturas bem altas, as duas maiores montanhas que temos de vencer (Rabanal Del Camino e O Cebreiro) podem apresentar temperaturas baixas. Portanto, os alforjes devem conter alguns casacos leves e corta-vento. E nem pensar em fazer o caminho próximo ao inverno europeu.
O Caminho começa em Saint Jean Pied de Port no sul da França. Recomendo ir de avião até Pau – França e de lá seguir de trem até Saint Jean Pied de Port e voltar desde Santiago de Compostela.

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